[Cartas a João Gaspar Simões - 5 Out 1931]
Apartado 147.
Lisboa, 5 de Outubro de 1931.
Meu querido Gaspar Simões:
Não é precisamente para solenizar epistolarmente o aniversário da semi‑república que lhe venho escrever. Venho escrever-lhe, primeiro, porque lhe não tenho escrito há muito tempo; segundo, porque gostava de ter notícias suas e da Presença; terceiro, porque queria saber ao certo se no próximo número (e quando sai ele?) virá publicada a minha tradução do Hino a Pã do Aleister Crowley.
O Crowley, que, depois de se suicidar, passou a residir na Alemanha, escreveu-me há dias e perguntou-me pela tradução – ou, antes, pela publicação da tradução. Tinha-lhe eu escrito, aqui há meses, que ela viria publicada na Presença em breve. V. é que me fez entalar-me com essa declaração. Veja lá, agora: não me deixe mal com um Mago! Mas, a sério, se há qualquer razão para aquilo não ser publicado, v. diga francamente.
Que é feito, literária e pessoalmente, do José Régio? Do Hourcade há alguma coisa de novo? Vi que o Je suis Partout tinha publicado uma espécie de resumo do estudo que vem no Bulletin. Já suis partout...
Abraça-o o amigo e admirador grato,
Fernando Pessoa .
Cartas de Fernando Pessoa a João Gaspar Simões. (Introdução, apêndice e notas do destinatário.) Lisboa: Europa-América, 1957 (2.ª ed. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1982).
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