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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Sob olhos que não olham — os meus olhos —

Sob olhos que não olham — os meus olhos —

Passa o ribeiro, que nem sei se é

Rápido no lento passar incerto ao pé

Dos invisíveis espinhos e abrolhos

Da margem, minha estagnação sem fé.

É como um viandante que passasse

Por um muro de quinta abandonada

E, por não ter que olhá-lo, por ser nada

Para o seu interesse, o não olhasse,

Fiel somente ao nada sem a estrada.

22-11-1934

Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).

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