[Cartas a João Gaspar Simões - 1 Jul. 1933]
Apartado 147.
Lisboa, 1 de Julho de 1933.
Meu querido Gaspar Simões:
Muito obrigado pela sua carta. Aí lhe envio colaboração para a Presença, mas não sei se servirá. Conformei-me com a sua indicação de a matéria não ser muito pequena. Escolhi por isso esse poema do Álvaro de Campos. O pior é que talvez seja muito grande. Se for, diga-me, e enviarei então qualquer outra coisa de menor extensão; mas, nesse caso, v. arrisca-se a que seja um dos tais poemas milimétricos, por eu não ter tempo de copiar outro. Isto é uma simples indicação e não uma ameaça: não desejo que Presença fique submersa na Tabacaria Campos.
Quando quer v. que eu lhe envie o prefácio para os Indícios de Ouro? E até quando posso eu enviar-lhe o original de O Guardador de Rebanhos? Diga-me prazos errados, antecipados por diplomacia, para, se eu tardar, afinal não haver atraso.
Soube aqui há dias que afinal poderia não se dar o caso de o Hourcade vir para cá. Depreendi do que me disseram que houve qualquer pseudoconcorrente, de fora de Lisboa, que levantou, ou fez levantar, obstáculos. V. tem qualquer indicação ou informação? Seria para mim, como v. compreende, um formidável prazer que o Hourcade viesse para Lisboa.
Sempre e muito seu,
Fernando Pessoa.
Cartas de Fernando Pessoa a João Gaspar Simões. (Introdução, apêndice e notas do destinatário.) Lisboa: Europa-América, 1957 (2.ª ed. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1982).
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