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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Álvaro de Campos

II - A Praça da Figueira de manhã,

                 II

A Praça da Figueira de manhã,

Quando o dia é de sol (como acontece

Sempre em Lisboa), nunca em mim esquece,

Embora seja uma memória vã.

Há tanta coisa mais interessante

Que aquele lugar lógico e plebeu,

Mas amo aquilo, mesmo aqui... Sei eu

Porque o amo? Não importa nada. Adiante...

Isto de sensações só vale a pena

Se a gente se não põe a olhar p’ra elas.

Nenhuma d'elas em mim é serena...

De resto, nada em mim é certo e está

De acordo comigo próprio. As horas belas

São as dos outros, ou as que não há.

Londres (uns cinco meses antes do Opiário) Outubro 1913

1915

“Três Sonetos” Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993.

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